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sábado, 12 de março de 2011

Pesquisa: equivocos cometidos na escrita do português

          Após analisar produções de textos de uma turma de sete alunos, entre dez e doze anos de idade, do Programa Mais Educação, realizado no Colégio Estadual Jardim Balneário Meia Ponte, foi possível notar alguns erros na escrita, sem ou com uma suposta interferência da oralidade. Observamos as dificuldades em relação à escrita dos educandos e que o mesmo acontece através da valorização das variedades lingüísticas trazidas pelos alunos no seu convívio familiar. Tentaremos aqui, analisar aqueles erros que tiveram interferência da oralidade.
     Antes de mais nada é fundamental entender, que no desenvolvimento da competência escrita dos alunos, é comum, na fase inicial, a aparição de marcas da oralidade. A ênfase, as rupturas, a fluência, a entonação e o ritmo também aparecem de modo peculiar nos textos. Nas pequenas produções dos alunos, foi possível notar, que erros decorrentes da oralidade são realmente comuns.
     A fala e a escrita representam realidades diferentes da língua, estão intimamente ligadas em sua essência, embora tenham uma realização própria e independente nos usos dessa língua. Quando se fala, nem sempre se pronuncia as palavras da mesma forma como se escreve.
     O que se pode concluir aqui é que a escrita fica "impressa" na memória das crianças e, quando em situações diferentes precisam lembrar-se dela, fazem uma associação com o contexto situacional em que apareceu pela primeira vez aquela palavra. E o que se verifica, é que existem textos escritos que se situam, no contínuo, mais próximos ao polo da fala conversacional (bilhetes, cartas familiares, texto de humor, por exemplo), ao passo que existem textos falados que mais se aproximam do polo da escrita formal (conferências, entrevistas e outros).
     Determinados alunos não conseguem fazer essa diferenciação, escrevendo qualquer texto mais próximo ao polo da fala conversacional. Vale lembrar, que outros que conseguem escrever textos que se aproximam do polo da escrita formal, assim como os demais alunos, acabam cometendo os erros que deixam claro a interferência da oralidade.
     Na frase “eu queria as planta...”, encontramos um erro que é comum de acontecer nas produções. O aluno desrespeitou a regra de concordância de número, pois esse fenômeno da língua ocorre sistematicamente na variante não padrão. A marca de pluralidade só ocorre no primeiro elemento da sequência. Com a mesma explicação deste exemplo, temos, “ as menina...” e “aquelas sacola...”.
     Na frase a seguir, percebemos o erro de escrita causado pela oralidade de forma bem clara,  “...minha mãe tá compranu leiti prá nóis tomá”. Aqui o educando escreveu como ele fala e é importante que a atitude do professor diante deste erro leve em conta o valor cultural e histórico das variedades linguísticas dos falantes e, partindo disso, possa conduzir o aluno a uma reflexão que lhe possibilitara o domínio, também, da variedade padrão para usá-la quando necessário.
     Ao usarmos a linguagem oral não temos um limite claro de separação entre uma palavra e outra. A escrita impõe critérios exatos de segmentação ou de separação de uma palavra das outras mediante padrões de oralidade podendo ocorrer problemas quanto à segmentação em palavras unidas entre si ou fracionadas em um menor número de sílabas, e notamos que isso acaba se tornando um problema para os alunos, pois foram várias as redações onde tivemos “ na quele”. As palavras ligadas indevidamente ou separadas de forma não convencional ocorrem com frequência significativa que podem ocorrem de acordo com entonação do falante.
     Tentamos, a partir da pesquisa aos textos dos alunos, fazer um breve levantamento dos equívocos mais representativos cometidos na escrita do português, focalizando uma suposta interferência da oralidade.

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