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sábado, 12 de março de 2011

O ensino de classes de palavras nas escolas

Nas salas de aula de Português o estudo das classes de palavras está presente desde as primeiras séries da vida escolar. A NGB que é a uniformização e simplificação da Nomenclatura Gramatical Brasileira elaborada em 1958 tem como segunda parte do seu projeto a “Morfologia” que entre outros temas tem a “Classificação de palavras” em: formas variáveis (substantivos, artigo, numeral, pronome e verbo) e formas invariáveis (advérbio, preposição, conjunção e interjeição). Nos livros didáticos toda a classificação deve obedecer aos critérios estabelecidos pela NGB.
Na coleção de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães “Português: Linguagens” o livro indicado para a sexta série do ensino fundamental trata, no que diz respeito as classes de palavras, do verbo, advérbio, preposição e pronome. Já no livro indicado para o terceiro ano do ensino médio, no que diz respeito ao assunto abordado neste artigo, os autores nada comentam em especifico, porém, propõem neste ultimo livro da coleção, discussões e analises de textos onde essas classes estão presentes.
            Como é possível notar em diversos livros didáticos, não somente neste que acabamos de citar, existe o estudo destas classes restrito apenas a exposição da nomenclatura. Neves (2002) cita que 100% dos professores que foram entrevistados para sua pesquisa, afirmam ensinar gramática e concluem que seu trabalho com o ensino de gramática “não serve para nada”. Pois, de fato, despreza-se quase totalmente a atividade de reflexão sobre a linguagem e dão ênfase para o conhecimento da nomenclatura. Neves (2002) faz uma análise mais ampla, investigando a gramática que é ensinada nas escolas. Neste artigo, temos uma missão mais especifica a de investigar o ensino de classes de palavras.
Sobre este titulo de forma complementar, vamos destacar a conclusão que chegou Paula Perin dos Santos em seu artigo Incoerências da NGB em relação à classificação dos Vocábulos a autora diz que “a NGB foi incoerente, pois usou a expressão “classificação de palavras” quando deveria ter dito classificação de vocábulos“. Entendemos, a partir de Monteiro (2002) que toda palavra é vocábulo, mas nem todo vocábulo é palavra. Os vocábulos que não são palavras, como as preposições e conjunções, denominam-se instrumentos gramaticais.
As palavras representam idéias e, assim, tem significado lexical. Os vocábulos que não traduzem idéias são instrumentos gramaticais e servem para estabelecer relações entre as palavras. Paula Perin dos Santos fez esta conclusão já que a NGB inseriu os conectivos nas classes de “palavras”
Voltando ao ensino das classes, Pinilla em Ensino de Gramática: descrição e uso (2009) destaca que a definição de cada classe, nos livros didáticos, não leva em conta os mesmos critérios, o que resulta em definições confusas, destacando ora um, ora outro critério. Porém, na maioria dos casos privilegiam o critério semântico.
Para Câmara Jr. (2000) há três critérios para classificar os vocábulos formais de uma língua: o que eles significam do ponto de vista do universo biossocial que se incorpora na língua (critério semântico); que se baseia nas propriedades da forma gramatical (critério formal ou mórfico); e um terceiro critério, o funcional que diz respeito ao papel que cabe ao vocábulo na oração. Segundo Câmara Jr. (2000) o sentido não é um conceito independente, mas está ligado à forma, pois o vocábulo é uma unidade de forma e de sentido.
Após uma breve discussão sobre sua proposta para a divisão dos vocábulos formais, Câmara Jr. em Estrutura da Língua Portuguesa (2000) considera, então, a função ou papel que cabe ao vocábulo na sentença e explica que, do ponto de vista funcional, nomes e pronomes se subdividem em substantivos, adjetivos e advérbio. E para finalizar, o autor propõe que os conectivos subordinativos se dividem em preposições (de vocábulos) e conjunções (de sentenças) e que tem por função estabelecer conexões entre dois ou mais termos.
Pinilla (2009) considera que os problemas das definições expostas nos livros didáticos é a mistura de critérios, o que prejudica a tarefa de estabelecer diferenças entre as classes de palavras. Numa concepção de advérbio percebemos as definições segundo cada critério “é a palavra invariável ( critério morfológico) que modifica essencialmente  o verbo ( critério funcional)  exprimindo uma circunstancia de tempo, modo , etc. (critério semântico). A autora acredita que definindo cada classe utilizando os três critérios (funcional, mórfico e semântico) acabo por estabelecer as diferenças entre as classes de palavras.
Neves (2002) questiona ‘que papel pode ter a gramática?”. Acreditamos, assim como alguns autores e essa mesma questionadora, que é preciso em mente que o ensino mais produtivo da língua está vinculado ao conhecimento de como cada classe atua na organização e na produção de textos. A boa constituição dos textos passa pela gramática, e não apenas as frases que apenas compõem os textos tem uma estrutura gramatical: na produção lingüística, com certeza, desemboca todo o domínio que o falante tenha dos processos de mapeamento conceptual e de amarramento textual, altamente dependentes de uma gramática “organizatória”.
Tentamos, neste artigo, mostrar conclusões de autores sobre o que se ensina nas escolas a partir das propostas da NGB e o que deveria ser ensinado.
 É de fundamental importância se ensinar classes de palavras, pois como discutimos, a boa constituição dos textos passa pela gramática. Porém, o que questionamos é a forma de ensinar, a maneira que alguns livros didáticos consideram corretas, sem dar oportunidade de reflexão para o aluno.
O que pretendemios com este artigo é demonstrar a necessidade de fazer com que os alunos passem a discutir e formular definições criticas sobre as classes de palavras, para que assim possam entender as diferenças entre elas e finalmente possam identificar cada palavra de forma correta.

Um comentário:

  1. Olá.
    Parece-me que este blog é novo. Vim visitá-lo por um link no orkut.
    Ainda há poucas postagens, mas permaneço na expectativa por textos de boa qualidade.
    Boa empreitada!

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